Espiritismo e Direitos das Mulheres:

O Espiritismo proclama a igualdade de direitos entre homens e mulheres, calcado, como diz o próprio Kardec, na lei de reencarnação. Contudo, da igualdade de direitos não se deve deduzir a igualdade de funções. É isso que Kardec vai esclarecer em O Livro dos Espíritos:

822 a) – Assim sendo, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher?

“Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão. A lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.”

Kardec reafirma o mesmo pensamento num artigo da revista espírita onde se comenta sobre a emancipação da mulher nos EUA. Esclarece que a luta por direitos iguais é legítima mas critica a ideia que já começava a surgir ali, de igualar o homem e a mulher desconsiderando a natureza particular de cada um. Vejamos:

 “Ora, é para temer, e é o que ocorrerá, que na febre de emancipação que a atormenta, a mulher se julgue apta a preencher todas as atribuições do homem e que, caindo num excesso contrário, depois de ter tido muito pouco, queira ter em demasia. Tal resultado é inevitável, mas absolutamente não é para assustar. Se as mulheres têm direitos incontestáveis, a Natureza tem os seus, que jamais perde. Em breve elas se cansarão dos papéis que não são os seus. Deixai-as, pois, que reconheçam pela experiência sua insuficiência nas coisas às quais a Providência não as requisitou; ensaios infrutíferos as reconduzirão forçosamente ao caminho que lhes é traçado, caminho que pode e deve ser ampliado, mas que não pode ser desviado sem prejuízo para elas próprias, abalando a influência toda especial que elas devem exercer. Reconhecerão que só terão a perder na troca, porque a mulher de atitudes muito viris jamais terá a graça e o encanto que constituem a força daquela que sabe ficar mulher. Uma mulher que se faz homem abdica de sua verdadeira realeza; olham-na como um fenômeno.”
FONTE: Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1867 > Junho > Emancipação da mulher nos Estados Unidos https://www.kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/901/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1867/6109/junho/emancipacao-da-mulher-nos-estados-unidos

Mulheres e homens tem aptidões diferentes, de acordo com sua organização e portanto funções diferentes. A mulher por ter uma maior delicadeza e sensibilidade, tem a missão de dar as primeiras noções de existência para a criança, função que de acordo com os espíritos é até mais importante que a dos homens. Vejamos o que se diz em O Livro dos Espíritos:

819. Com que fim a mulher é fisicamente mais fraca do que o homem?

“Para lhe assinalar funções particulares. O homem se destina aos trabalhos rudes, por ser mais forte; a mulher aos trabalhos suaves; e ambos a se ajudarem mutuamente nas provas de uma vida cheia de amarguras.“

820. A debilidade física da mulher não a coloca naturalmente na dependência do homem?

“Deus deu a força a uns para proteger o fraco e não para o escravizar.“

Comentário de Kardec: “Deus apropriou a organização de cada ser às funções que ele deve desempenhar. Se deu menor força física à mulher, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e a debilidade dos seres confiados aos seus cuidados.“

821. As funções a que a mulher foi destinada pela Natureza têm tanta importância quanto as conferidas ao homem?

“Sim. e até maior; é ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.“

Da mesma forma vai dizer o espírita Leon Denis em uma de suas obras, onde embora reconheça que a luta pelos direitos iguais era legitima, faz criticas ao movimento feminista que estava surgindo:

"Uma reação, porém, já se vai operando. Sob a denominação de feminismo, um certo movimento se acentua legítimo em seu  princípio, exagerado, entretanto, em seus intuitos; porque, ao lado de justas reivindicações, enuncia propósitos que fariam da mulher, não mais mulher, mas cópia, paródia do homem. O movimento feminista desconhece o verdadeiro papel da mulher e tende a transviá­la do destino que lhe está natural e normalmente traçado. O homem e a mulher  nasceram para funções diferentes, mas complementares. No ponto de vista da ação social, são equivalentes e inseparáveis".
FONTE: LEON DENIS - NO INVISÍVEL - VII
O Espiritismo e a mulher.
http://www.autoresespiritasclassicos.com/leon%20denis%20livros/No%20Invisivel/L%C3%A9on%20Denis%20-%20No%20Invis%C3%ADvel.pdf

O feminismo teve três grandes ondas. A primeira onda, que teve inicio já no século 19, lutava pelo sufrágio feminino, o direito ao voto pelas mulheres. Mas o movimento feminista atual quer, como já ocorria na época de Kardec, desprezar as diferenças determinadas pela própria natureza. Se homens e mulheres não fossem diferentes, não era preciso que o espírito, que não tem sexo, ora reencarnasse como homem, ora como mulher, para aprender em diferentes situações. Em O Livro dos Espíritos, na questão 202, Kardec vai dizer que "aquele que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens".

Herculano Pires sobre o feminismo:
" O problema do feminismo foi solucionado pelo Espiritismo, em meados do século passado. A questão 890 de O Livro dos Espíritos trata do amor maternal e a questão 822 coloca o problema da igualdade entre o homem e a mulher. A solução é simples e precisa: igualdade de direitos e diversidade de funções. [...] O feminismo exacerbado é tão insensato como o machismo. Ambos representam posições extremas que revelam incompreensão do problema. " FONTE: Francisco Cândido Xavier J. Herculano Pires Espíritos diversos Astronautas do Além , 28 Conjugação verbal (J. Herculano Pires)

ERIC TAVARES PACHECO

Comentários

  1. O próprio Emmanuel (do qual discordo em vários pontos) diz na questão 67 da obra O Consolador que a “ideologia feminista dos tempos modernos, porém, com as diversas bandeiras políticas e sociais, pode ser um veneno para a mulher desavisada dos seus grandes deveres espirituais na face da Terra”.

    ResponderExcluir
  2. Recomendação: Kardec para mulheres, de Rosana Voigt Silveira.

    ResponderExcluir
  3. Recomendação: Feminismo: Perversão e Subversão, Ana Campagnolo.

    ResponderExcluir
  4. Obviamente Kardec não diz em O Livro Dos Espíritos que a mulher não pode trabalhar. Pelo contrário, ele deixa claro na Revista Espírita que pode sim. Contudo, o LE estabelece diferenças de funções entre os sexos, sendo a ênfase da mulher o lar e o cuidado dos filhos.

    ResponderExcluir
  5. É interessante o que Paulo de Tarso diz sobre esse tema nas escrituras.

    ResponderExcluir
  6. "É claro que o movimento coevo do feminismo desesperado constituí abominável ação contra as verdadeiras atribuições do espírito feminino. A
    mulher não pode ir ao duelo com os homens, através de escritórios e gabinetes, onde se reserva atividade justa ao espírito masculino." FONTE: Francisco Cândido Xavier - Nosso Lar - pelo Espírito André Luiz 94 - 20
    Noções de Lar.

    ResponderExcluir
  7. "As almas femininas não podem permanecer inativas aqui. É preciso aprender a ser mãe, esposa, missionária, irmã. A tarefa da mulher, no lar, não pode circunscrever-se a umas tantas lágrimas de piedade ociosa e a muitos anos de servidão. É claro que o movimento coevo do feminismo desesperado constitui abominável ação contra as verdadeiras atribuições do espírito feminino." Nosso Lar https://papoliterario.com.br/2019/07/12/estudando-nosso-lar-no-8/

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas