Filosofia Espírita:

Filosofia Espírita:

 No preâmbulo da obra O que é o Espiritismo, Kardec define a doutrina como: “uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. [...] O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”

 Mas o Espiritismo não é um sistema filosófico, pois como diz Kardec no prolegômenos de O Livro dos Espíritos, a doutrina é: “isenta dos preconceitos do espírito de sistema.” O autor e palestrante espírita Cosme massi vai trabalhar essa questão no seu livro “Os Espíritos e os Homens.” A filosofia espírita é uma filosofia de uma ciência, assim como hoje se fala em filosofia da física ou filosofia da mecânica quântica. Hoje em dia temos várias interpretações da mecânica quântica. A partir dos dados concretos que a física fornece, os teóricos formulam teses sobre os fenômenos ainda não plenamente explicados na mecânica quântica. Outra área é a filosofia da biologia, do qual um dos representantes mais conhecidos é o filosofo estadunidense Daniel Dennett. Dessa forma, só há filosofia espírita a partir da ciência espírita. O aspecto filosófico da doutrina vai estudar as conseqüências morais que decorrem das relações entre o mundo físico e o mundo espiritual, que são estudadas pela ciência espírita a partir dos fenômenos mediúnicos. É uma filosofia que abrange, portanto, a ética espírita e as reflexões sobre a existência de Deus, a existência da alma e nossa sorte futura. A ética cristã do espiritismo possui uma fundamentação científica.

 Por isso Kardec em O que é o Espiritismo, no dialogo com o cético, vai dizer: “Há entre o Espiritismo e outros sistemas filosóficos esta diferença capital; que estes são todos obra de homens, mais ou menos esclarecidos, ao passo que, naquele que me atribuís, eu não tenho o mérito da invenção de um só princípio. Diz-se: a filosofia de Platão, de Descartes, de Leibnitz; nunca se poderá dizer: a doutrina de Allan Kardec.” A doutrina não é, como vimos, uma criação exclusivamente de Kardec, advindo de suas ideias pessoais. Foi, na verdade, o próprio fenômeno que revelou sua natureza, dizendo ser a alma dos homens que viveram na Terra ou em outros mundos. É uma criação em conjunto, entre Kardec e os Espíritos. 

 A academia filosófica já abandonou a criação de grandes sistemas filosóficos, como o hegelianismo, o marxismo, o kantismo, que abrangeriam todos os problemas da ética, da metafísica, da ontologia, etc. Procuram propor soluções individualmente para cada problema especifico das diferentes áreas da filosofia. Um dos primeiros a fazer criticas aos sistemas foi o filosofo empirista e cético escocês David Hume (1711-1776). Vejamos o que ele diz na obra Uma investigação sobre os princípios da moral, seção 9, parte 1, conclusão: “E parece razoavel supor que sistemas e hipóteses perverteram nossa faculdade natural de entendimento, ao vermos que uma teoria tão simples e obvia conseguiu escapar por tanto tempo aos exames mais cuidadosos.”

 Outro pensador que fez uma critica contundente aos sistemas foi um romeno exilado na frança, Emil Cioran (1911-1995). Formou-se em filosofia em 1932, embora depois tenha se distanciado da academia, rejeitando o titulo de filosofo, o que tem relação com sua concepção a respeito dos sistemas.

Eric TP

Bibliografia:
“Os Espíritos e os Homens” Cosme Massi.

Vídeo onde o Cosme trata sobre isso: https://www.youtube.com/watch?v=b1O4Vyo9EAM

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