Mediunidade de cura:

Kardec em O Livro dos Médiuns, no item 175, vai estabelecer uma diferenciação entre mediunidade de cura propriamente dita e magnetização. Vejamos:

“Diremos apenas que este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.

Como vemos, enquanto a magnetização, mesmo com auxilio dos Espíritos, requer um tratamento contínuo e regular, a mediunidade de cura propriamente dita é mais instantânea e espontânea e surge em pessoas muita das vezes alheias ao magnetismo. A intervenção dos Espíritos nesse caso é patente. Nesse último caso, não é todo mundo que pode considerar-se médium curador. Kardec por vezes utilizava o termo médium curador para se referir simplesmente aos magnetizadores, como no seguinte trecho de O Livro dos Médiuns, item 189:

“Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.“Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo concurso de bons Espíritos.”

Contudo, na Revista espírita de setembro de 1865, num artigo intitulado Da mediunidade curadora, no item 7, Kardec vai nos dizer que no sentido estrito do termo, essa faculdade é ainda extremamente rara:

“O médium curador recebe o influxo fluídico do Espírito, ao passo que o magnetizador tudo tira de si mesmo. Mas os médiuns curadores, na estrita acepção da palavra, isto é, aqueles cuja personalidade se apaga completamente ante a ação espiritual, são extremamente raros, porque essa faculdade, elevada ao mais alto grau, requer um conjunto de qualidades morais raramente encontradas na Terra; só esses podem obter, pela imposição das mãos, essas curas instantâneas que nos parecem prodigiosas. Sendo, pois, a mediunidade curadora uma exceção aqui na Terra, disso resulta que há quase sempre ação simultânea do fluido espiritual e do fluido humano; quer dizer que os médiuns curadores são todos mais ou menos magnetizadores, razão pela qual agem conforme os processos magnéticos.

Podemos dizer então que o termo médium curador foi utilizado por Kardec num sentido mais geral, que engloba os magnetizadores, e num sentido restrito, onde essa faculdade é ainda rara na Terra, por depender de qualidades que a maior parte dos Espíritos encarnados no globo terrestre ainda não dispõe.

Eric TP

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